A janela nos espia lá de fora,
e aqui dentro espiamos um ao outro,
tateando entre dedos e peles aquilo que à vista não se vê;
somos espias curiosos, não nos satisfazemos só com o olhar,
queremos mais e descobrimos na superfície tátil de nossas peles
a porosidade profunda que vela pelos nossos entes.
Sim, somos espias curiosos, mas também somos cuidadosos,
pois sabemos que em cada poro de nossas peles contém vidas e sonhos que devem ser protegidos e amados.
Nesta aventura de peles e sonhos,
também descobrimos outros poros geográficos,
territórios de um corpo que devem ser explorados e sentidos
em cada parte do espaço tocado.
Ali, no interior de cada poro,
inventamos uma morada
com infinitos quartos, salas e corredores,
de onde é possível avistar uma grande janela
pela qual nos vemos o que de fora não se vê.
cortaruas, São Paulo, 02 de setembro de 2002.
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