terça-feira, 26 de abril de 2011

...impregnados de amor e loucura,
palavras ordinárias voam pela sala
e atrevidas
saem pela janela em busca do absoluto nonsense...
cortaruas

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vislumbro as estrelas como quem busca ali encontrar, entre pontas brilhantes de safira e esmeralda, um pequeno espaço onde uma rede cósmica seja capaz de abrigar todos os corpos e sentidos que já não cabem dentro de mim...

cortaruas

domingo, 3 de abril de 2011

E quando tudo parecia certo… (Para ler ouvindo Gymnopédie n.1 de Erik Satie)

E quando tudo parecia certo,...
o sol da manhã irradiando luz e calor,
os enamorados se beijando loucamente apaixonados
naquela linda ponte de ferro feita no velho continente...
pássaros verdes e lilás cruzando o céu torpemente azul em busca de uma nova morada...
a violinista,
aquela jovem violinista de olhos amendoados,
expandia no espaço notas de Satie,
e, realmente, tudo parecia certo,
a manhã, o sol, a ponte, os enamorados se beijando,...
os pássaros,...
a gimnopédie n.1 interpretada pela violinista,
a doce e solitária violinista,...
...até que um louco,
um perdido,
um ente desvairado desprovido de sentido,
cruzou velozmente a ponte,
pelo seu olhar,
fugindo de si mesmo,
nessa fuga alucinada aquele pobre ente já descarnado pelo abandono,
sem nenhuma intenção,
esbarrou cegamente na delicada violinista,
ambos caíram,
o desvairado levantou-se e partiu rapidamente,...
...já a violinista de olhos amendoados,
ficou ali deitada tentando compreender
porque sua interpretação de Satie não foi suficientemente forte
e capaz de fazer aquele pobre demente encontrar dentro de si,
enquanto corria loucamente,
um pouco de paz, um pouco de sentido, um pouco de amor,...

cortaruas

sábado, 12 de março de 2011

E pulsa dentro de mim o amor que ainda não veio,
A solidão terá seus dias contados e não será minha única companheira,
Danço com a senhora melâncolia a esperança de ver em meus braços aquele doce sorriso de olhos noturnos, ainda sem nome, embora cheia de sentidos cobertos de mistério e delicadeza...
cortaruas
E me pego pensando no pensar de pensamentos estranhos...
Imagens pra lá do infinito....
Sonhos tragados pelo insoniar de buracos negros...
No meio da cidade, na beira da sacada do alto da torre de salmão desbotado pelo tempo do esquecimento.... o balaustre trincado se desprendeu e caiu, junto com ele todas as palavras ainda não inventadas...
mas, nem tudo se perdeu, penso.
cortaruas
Não tardará a tarde de por-de-sol magenta...
e, quando chegar, uma revoada de pássaros violetas entoaram canções púrpuras de notas quase verdes, quase azuis...
muitos ouvirão, mas poucos, irão comprender o sentido desta música de cores tão raras, tão descarnadas...
cortaruas